sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Problemáticas de investigação online-análise de interacções

Esta actividade tinha como objectivo a pesquisa de artigos sobre análise de interacções e o resumo do artigo, escolhido por nós, para conhecimento e discussão.

Após alguma pesquisa seleccionei o artigo: "Analyzing Online Discussions: Ethics, Data, and Interpretation" de Brem, Sarah (2002.


O estudo do discurso online é relativamente novo.
Quando confrontado com uma situação para a qual não existe um procedimento padrão, o melhor é começar com as técnicas estabelecidas e, em seguida, adaptá-las para o ambiente online; ter uma justificação para eventuais adaptações ou desvios que se decida fazer, de modo a estabelecer a credibilidade com os editores e pares e permitirá que outros possam adoptar, reciclar e aperfeiçoar a abordagem.

As ferramentas online oferecem uma oportunidade de observar um grupo, acompanhar o desenvolvimento de um problema, ou a revisão de uma troca pública que teve lugar no passado, ou fora da influência dos investigadores e decisores políticos.
Uma discussão on-line pode ser síncrona, como um chat ou mensagens instantâneas ou assíncronas, como um servidor de listas. Pode ser só de texto, ou fornecer meios para exibição de imagens, animações, hiperlinks, multimédia e outros. Pode exigir um navegador da Web, uma conexão de Unix, ou software especial que oferece suporte a recursos como mensagens instantâneas.
O facto de as ferramentas de discussão online serem cada vez mais sofisticadas e disponíveis torna apelativo o uso do discurso on-line utilizado como fonte de dados.

Questões relacionadas com a ética
Tal como nas investigações face-a-face existem considerações éticas a ter em conta, nomeadamente precauções que devem ser tomadas para proteger os participantes na conversa. Como refere Brem, “Because online conversation is relatively new and unfamiliar, and takes place at a distance, it is relatively easy to overlook possible ethical violations”. Uma vez que a presença do observador é virtual e discreta, as pessoas observadas podem não perceber que estão a ser observadas.
É referido no texto que se o investigador pertencer a uma universidade ou instituição similar, será necessário a aprovação de um Comité de Ética, criado para a protecção dos seres humanos que participam de estudos. Não estão associados a qualquer outra instituição devem, no entanto, seguir os princípios éticos e directrizes estabelecidos no Relatório Belmont, disponível em http://ohsr.od.nih.gov/mpa/ belmont.php3.
Além dos procedimentos habituais para os dados de anonimato (por exemplo, a remoção de nomes, endereços, etc), existem algumas preocupações adicionais para resolver, devem ser retirados, de cada post, intencionais ou não intencionais de identidade.
A autora identifica algumas situações em que o anonimato é comprometido, apresenta-se aqui um exemplo: Nomes de usuário como "tiger1000" não permitem o anonimato; num curso, uma pessoa é conhecida quer pelo seu nome de usuário quer através do nome tradicional. Nomes de usuários devem ser substituídos por identificadores que não fornecem nenhuma ligação com o participante real.
Além das garantias exigidas para os dados de domínio público, utilizar conversações em investigação exige no mínimo o consentimento informado de todos os participantes cujos trabalhos serão incluídos na análise, com descrição explícita de como a confidencialidade e / ou anonimato será garantido.
Não esquecer ainda que deve considerar-se os direitos de propriedade intelectual dos participantes.

Recolha e Gestão de Dados
“An online exchange often evolves over days or months, and may require handling tens of thousands of lines of text, along with graphics, hyperlinks, video, and other multimedia.”
Numa análise de uma discussão on-line em que apenas se recorre ao texto pode usar-se uma folha de cálculo: O texto pode ser baixado como texto simples, ou cortado e colado em partes. Parágrafos ou linhas de texto tornam-se entradas na folha de cálculo, e pode ser analisado em unidades menores. Uma vez que os dados são colocados na folha de cálculo, as linhas e as colunas adicionais podem ser usados para armazenar os códigos e comentários. Por vezes esta técnica é ineficaz, uma vez que as conversas on-line podem demorar muito tempo ou conter hiperlinks, gráficos, vídeo, multimídia e outros, que são muitas vezes indispensáveis para a conversa, e que não é possível mostrá-los na folha de cálculo. Quando é necessário manter estes elementos pode-se proceder de duas formas: baixar todos os arquivos relevantes e criar um arquivo espelho no seu próprio disco rígido (havendo sempre a questão de espaço e de haver restrições de segurança, requisitos de software adicionais, ou considerações de propriedade intelectual); criar uma outra folha de cálculo que contenha ligações para esses elementos.

Preparação dos dados, Manipulação e Conservação
Não é fácil trabalhar com ficheiros que contenham muita informação ou que tenham elementos multimédia, pelo que é importante seleccionar a informação deve ser mantido na íntegra, o que pode ser suprimido, e o que pode ser substituído por um código de referência. Durante esta fase, o investigador deve preservar a informação que é relevante para a sua pesquisa.
Deve começar-se por manter o máximo de informação possível e ir condensando à medida que se encontram elementos que interferem com a velocidade ou que não contribuem para análise.

Codificação, Análise e Interpretação

É essencial estar ciente que por vezes não é possível resolver inconsistências e ambiguidades que surgem da forma como as conversas são criadas, armazenas e acedidas.
• O investigador deve analisar a conversa de diferentes perspectivas de modo a perceber melhor como é que os participantes recebem e trabalham com a informação. No sentido de Compreender como a conversa se desenvolve, o investigador deve analisar os registos como se fosse um usuário com acesso a toda a informação e, como se fosse um usuário com acesso a um registo muito limitado.
Há, no entanto, maneiras de reconstruir uma conversa; analisar as linhas de assunto para ver se elas correspondem à excepção de um indicador de resposta, olhar para as datas, ou examinar o texto de citações de mensagens anteriores na lista de discussão ou outras referências a lançamentos anteriores da discussão.

• Perante as complexidades já referidas anteriormente, o investigador deve de alguma forma identificar limites em torno de um grupo de participantes ou de trocas. Esses limites devem ser justificados e permitirem que obtenha respostas ricas, úteis e confiáveis às questões da investigação.

• Antes de analisar uma discussão online é importante participar numa de modo a ser-se fluente em convenções e aos análogos online da linguagem corporal e da comunicação não verbal. Ver os participantes como indivíduos com características próprias, perceber que tópicos ou situações os fazem reagir emocionalmente. Reconhecer os participantes sem ter de recorrer aos usernames.

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